domingo, 21 de março de 2010

fragmento de entrevista


Conte-me o que é que o faz ter tanta confiança em si e achar que as pessoas podem votar em si.

Porque vivemos num país livre, em primeiro lugar. Dois, porque sou o melhor candidato. Três, porque os portugueses têm uma confiança muito grande em mim. Sabem do que sou capaz, sabem que neste momento sou a única alternativa à política tradicional. Sabem que tanto em Portugal como ao nível da política internacional vivemos num estado de absurdo, e apenas um discurso mais absurdo, ou aparentemente absurdo, poderá salvar a nação. Tudo pela nação, nada contra a nação, eu sou a nação, eu sou Portugal. A minha vocação é dar às pessoas o que elas querem. Sou um servidor público, não quero nada para mim.



O que acaba de dizer é o maior pacote de lugares-comuns que ouvi nos últimos tempos.

Fico muito agradecido. Não sei se leu o meu programa. O meu programa é muito simples, tem 320 pontos essenciais e cada um desses pontos tem 10 pontos acessórios, o que multiplica por 10 as possibilidades. Tem este livro? Vou dar-lhe este livro. Cada português devia ter um livro destes em sua casa.



Estava mais magro na capa do livro Vieira, Só Desisto Se For Eleito.

É Photoshop. O dente a mais também é Photoshop.



"Quero uma democracia toda aberta"?

É a chamada inclusão.



"A sua vida vai mudar este livro. Dedico este livro a todos os portugueses de alma e coração e a todas as portuguesas aquele abraço."

No fundo, sou também um ser humano, também tenho sentimentos.



O que é isto na página 36, "Pamela, a secretária traidora"?

Ela é capaz de me ter traído. Este livro tem um pouco de tudo. Esta é a parte mais importante, são as ideias. Essas são umas crónicas que escrevi para uns jornais de Economia. Isto é o meu Visionário programa político e social para um Portugal de sonho.



Aquele onde Elvis Ramalho acha que vive.

"A arte em Portugal deve estar sempre 20 anos atrasada" - é uma máxima. "O burro deve ser um animal sagrado para o português, como o Burro de Barcelos." Tive várias ideias originais, biotecnologias, história, futebol, sexo.



O que é que o Candidato Vieira tem a dizer sobre o sexo?

Temos uma educação sexual forçada para a terceira idade.

Porquê, acha que é preciso?

O sexo visa o prazer e o prazer é soberano. Temos uma conferência na universidade do Pico que vai falar sobre isso. Vamos promover as variedades de sexo regional. Cada localidade portuguesa, assim como tem o seu traje folclórico, também tem o seu estilo sexual. Temos o Broche ó da Guarda, Broche à Nacional n.º 1, Minete à transmontana, Sexo com leitões, na Bairrada, Sexo castiço, Sexo em coro alentejano. Se calhar vamos abolir as provas orais, este ano.



Essas coisas ocorrem-lhe quando está sob o efeito do ópio?

Só bebo água do Luso. Quer um copo de água? Neste momento o que me está a custar é não me candidatar às próximas presidenciais. Não vejo que estejam reunidas as condições e a minha fé na democracia está a vacilar. Não sei se um levantamento militar, um pronunciamento militar, não seria mais favorável à nossa saúde económica, e mesmo à nossa saúde sexual.



Não me diga que tenho um protofascista à minha frente...

Digamos que todos os meios são legítimos para alcançar o poder. Se a democracia está de tal forma viciada e não podemos atingir o poder pela via democrática, devemos tentar outras formas. Devemos levar a bom cabo as nossas ambições.



Quais são as suas ambições?

Quero ser presidente absoluto de Portugal. Vou só beber um bocado de água.



Tem preocupação em relação às conversas que tem ao telemóvel? Acha que um dia as suas conversas mais íntimas podem aparecer transcritas nos jornais?

Já foram. O facto é que estou sob escuta. As pessoas utilizam aquilo que ouvem nas minhas conversas telefónicas para as atribuir a outros políticos, que me copiam sem qualquer tipo de pudor. Estou a ser roubado e vou falar com a SPA para saber se as escutas telefónicas também podem ser objecto de protecção.



Relate uma conversa que tenha sido apropriada por algum político.

Todas. Principalmente algumas. Tudo aquilo que tem vindo a lume sobre o primeiro-ministro sei que não é sobre ele, porque as escutas foram feitas à minha pessoa e apropriadas pelo primeiro-ministro e pelas pessoas que rodeiam o primeiro-ministro. Mesmo o caso do Freeport não envolve o primeiro-ministro, envolve-me a mim. Eu é que sou a pessoa corrupta! Aliás, fiz tudo: corrompi-me a mim próprio, paguei-me a mim próprio. As pessoas precisam de movimentações. Os deslizes judiciários, ilegais, estão a ser utilizados para distrair o povo.



Distrair de quê?

Da realidade. A realidade é que só há uma força neste momento que pode melhorar as condições de vida neste país, que é o Vieira e o "vieirismo" puro e duro. Tenho ideias muito boas para Portugal. Por exemplo, mudar o nome da capital para "Vieirópolis". O Santana queria fazer o mesmo com "Santanópolis", ou quase o fez, na Figueira da Foz.



Gosta de fazer campanhas eleitorais, não desiste. Porque é que faz isso?

O meu sangue bombeia a uma maior velocidade quando estou na estrada, em comício, é verdade.



Isso é porque é adorado.

Não gosto de dizer isto, mas sou idolatrado pelas multidões. Gostaria aqui de dizer também: as eleições nunca foram legítimas (ninguém sabe isto) e os resultados, a percentagem ridícula que me deram, são manifestamente falsos. Fui roubado!



Quantas pessoas oficialmente votaram em si?

Oficialmente, nenhuma. Mas sei de fonte segura que dois milhões de portugueses votaram em mim.



Se não votaram, gostariam de votar.

Aí está. Porque não um sistema de voto mais simples para os portugueses? Um sistema de voto em que basta uma pessoa pensar para que o voto... O voto pela Internet tem de ser imediatamente utilizado. Temos de acabar com os formalismos legais, com toda a papelada que é necessária para legitimar um candidato: 7500 assinaturas é ridículo, porque pressupõe que existe um aparelho, um secretariado. Essa burocracia está ao serviço dos partidos, nitidamente. O homem das salsichas Nobre conseguiu-o, com certeza.



O homem das salsichas Nobre?

O senhor António Nobre é um exemplo.



É Fernando.

Esse mesmo, o Manuel Nobre. Acho muito bem que o Nóbrega tenha conseguido. As pessoas têm de compreender que chegaram ao fim de um ciclo, ao fundo do poço, e que já não há água. Só eu lhes posso dar a chuva. Isto é um ano um bocado especial em termos de pluviosidade, os políticos nunca falam disto, mas está a chover muito.

Vi-o num programa de televisão a meter-se com um papagaio; pensou em matá-lo e fazer com ele um arrozinho de papagaio.

Isso é totalmente infundado e falso. É uma afirmação sem pés nem cabeça. Receitas brasileiras, não tenho nada a ver com isso. Com todo o respeito, não estamos a falar dos problemas reais do país. Os portugueses precisam de amor-próprio e de dinheiro. E de satisfação sexual e sentimental nas suas vidas. Isso tudo dá saúde, lá está. A alegria de viver dá saúde. Temos de descobrir os "Brasis", mas esses "Brasis", essas terras, estão dentro de nós próprios, e nós podemos encontrá-las. Somos uma nação riquíssima, somos conquistadores. Temos de começar por nos conquistar a nós próprios.